Depois de quase 48 horas de viagem chegamos a Pune. Estamos hospedados no terceiro andar de um predinho onde funciona uma escola de música indiana. Quem nos recebe é a família de músicos que gerencia a escola. Tem para todos os gostos: quem quiser pode vir aprender a tocar tabla (tambor), violino, dança, canto e até yoga. A casa é bem frequentada por músicos de toda a parte, que vêm de vários lugares da Índia e do mundo. Pune é uma cidade média para os padrões indianos (3 milhões de habitantes), tem uma cultura vibrante e recentemente se tornou um um pólo de T.I.
O idioma falado aqui e no estado de Maharashtra é o marathi, similar ao hindi – igual na escrita mas com pronúncia e vocabulário um pouco diferentes. Estamos tendo a oportunidade de aprender um pouco de hindi com o Satyam, filho da Swapna, professora de violino, multi-campeã em concursos de música e dona da escola. Em troca, Satyam está aprendendo algum português conosco.
A música sobe pelos corredores do nosso alojamento, cada hora um som diferente. Pode ser uma turminha de crianças ensaiando o violino ou cantando, a tabla de nosso novo amigo Vibhav tocada com maestria, uma aula de dança ou um ensaio de uma banda, ou tudo isso e mais um pouco.
Viemos para Pune aprender mais sobre o ayurveda – a medicina tradicional indiana. Agradecemos Mahamuni, velho amigo e professor de yoga em Curitiba, que nos indicou o trabalho do Dr. Nandan Lele e família.
Por quinze dias vivenciaremos um tratamento de saúde ayurvédico, o panchakarma, que consiste na limpeza e desintoxicação do corpo e da mente através de métodos tradicionais – terapias, ervas, massagens. Este tratamento é indicado quando se tem alguma condição de saúde, mas também como método preventivo.
Nossa primeira chegada à Índia teve um monte surpresas, o que torna quase impossível incluir tudo neste relato. Ficamos três horas na fila da imigração, depois de duas longas viagens de avião e outras tantas de carro e de espera nos aeroportos. Lila tirou uma foto ao lado de um monumento à saudação ao sol – o surya namaskar – no aeroporto de Delhi. Vimos também no aeroporto de Pune um mural com mensagens de paz, do Gandhi se não me engano.
Na última quarta-feira participamos de um bhajan, que é uma confraternização com cantos devocionais, na casa da Swapna. Quase todo mundo ali sabia tocar (bem) pelo menos um instrumento. Bonito de ver a casa toda decorada, o altar com uma imagem de Krishna e também com instrumentos musicais, mandala de flores na sala e decoração com flores até mesmo na escada fora do apartamento. Por essa parte da Índia as pessoas cultuam Vitthala, uma das formas de Krishna. A imagem de Ganesha, o deus-elefante que remove os obstáculos, está em cima da porta de praticamente todas as casas.
Fomos ontem ao centro de Pune, tomamos um chai com nossas anfitriãs, Swapna e Apurua, e depois fomos ver um templo muito antigo de madeira e umas lojas.
Estamos aprendendo novamente coisas simples, como andar na calçada, atravessar a rua ou pedir um tuk-tuk (mais ou menos equivalente ao nosso taxi). O trânsito funciona, parece que flui melhor até que no Brasil. Fora a mão da via e o semáforo (quando tem), parece que ninguém respeita regra nenhuma, mas todo mundo se respeita. A buzina é usada aqui como uma forma de comunicação no trânsito.
Na calçada muita gente olha pra nós com curiosidade, alguns já vieram nos cumprimentar – muitas senhorinhas vestindo sári e alguns pedidos de foto. Tudo isso em marathi.
No fim do dia pode-se comprar guirlandas de flores na rua para serem oferecidas às divindades nos altares dos templos e casas. Vimos muitos templos na rua de todos os tipos, pequenos (desde o tamanho de um ponto de taxi) até grandes e suntuosos. Muita gente usa adereços de ouro: segundo a terapeuta da Lila, Juthi, acredita-se que o uso do ouro acima da cintura e a prata abaixo faz bem pra saúde.
Pelo que pude perceber até agora muita coisa parecida acontece no Brasil e na Índia. Dá para traçar algum paralelo entre a nossa folia de reis, o terço rezado nas casas pelos homens de Caldas, e as manifestações culturais-religiosas daqui. Os casamentos arranjados, segundo Swapna, são do passado tanto aqui (pelo menos nas grandes cidades) como lá. Há também, segundo nossos anfitriões, um esvaziamento da participação nas manifestações culturais pelas novas gerações, como vemos também no Brasil, talvez devido a um excesso de virtualidade.
Come-se utilizando a ponta dos dedos da mão direita, sem talheres. A comida na casa dos nossos anfitriões é saborosa, bem temperada e equilibrada, segundo os padrões ayurvédicos. Em geral comemos um pãozinho indiano feito na hora – o puri – junto com o arroz e algum caldo. O trigo aqui parece ser bem mais leve, de fácil digestão. Está sendo um desafio comer sem sujar toda a mão.
Cada família carrega a história do clã, e isso influencia muito na vida: pode ser alguma receita específica da família, o jeito de cozinhar, de se portar e de vestir, ou mesmo algum dia específico de observância religiosa.
A mão esquerda é usada para a higiene pessoal no banheiro, depois de fazer o número 2. Na clínica os papeis higiênicos são velhos, parece mesmo que estão lá esperando aparecer o próximo ocidental. Na casa de nossos anfitriões não tem. Começamos a tentar usar o chuveirinho. Pensando bem, este método é até mais ecológico, basta lavar bem as mãos antes de sair do banheiro.
Enfim, este é só um pequeno relato das nossas primeiras impressões. Apesar de tanta coisa nova, estamos nos sentindo à vontade como em casa. Nosso plano é de ir para Goa no dia 12, um estado de colonização portuguesa. Até logo, Harih om.
Adorei o relato!! Que vcs tenham uma experiência muito feliz e enriquecedora na Índia🙌🏼❤️
Oi Casal,
Entrei na viagem com vcs, que delicia, que relato mais gostoso de se ler dava pra sentir o cheiro da Índia, o calor das ruas, muito incrível, é mesmo um trânsito muito louco mas que todo mundo se entende kkkk!
Desfrutem muito dessa linda jornada!
Hari Om 🙏🏽✨😘
Maravilhosa viagem Vini e Lila queridos.
Uma experiência única de aprendizado cultural, espiritual, pessoal e profissional.
Que seus dias sejam abençoados e muito felizes.
Aguardamos ansiosos novos relatos e ensinamentos. Mil beijos
Oi , armados! Que maravilha tudo isso. Estou muito feliz por vocês e os esperando aqui na volta.
Um forte abraço nos dois.
Hari Om 🙏🏼
Oi Vini e Lila, que delícia. Me deu saudade. Estive em Pune em 2000. Povo acolhedor. Visitem o Osho Internacional Meditation Resort. Vale muito a pena. Sugiro que façam uma viagem a Ajanta é Ellora. É incrível, inesquecível, ver séculos de história nas ruínas budistas, hinduistas e jainistas. De verdade, não percam os templos escavados nas rochas. Pura história e reflexão. Aproveitem. Beijo. Tio Zalmir.
Oi, queridos!
Gostei muito dos relatos desse primeiro contato de imersão na cultura indiana.
Leitura bem suave e foi divertido acompanhar as impressões dessa viagem.
Até breve,
Harih Om
Relato muito bem feito, casal. Que linda viagem. O nome Pariwar, na placa roxa na entrada da casa da Swapna, significa Família. Swapna quer dizer sonho. Um nome bem romântico, bem indiano. Show. A Índia como ela é. Boa continuação de viagem!
Abraços.
Pedro.
Que delícia de leitura! Quero continuar essa viagem com vocês queridos! Obrigada por compartilhar! Beijo grande e ótima estadia na Índia!!!
Queridos meus,
me emociono por vocês estarem mergulhando profundamente nessa linda experiência.
Leve e repleto de sinais luminosos o primeiro relato.
Aguardo o segundo!
Sigam na Luz Amor
Hari om
Lila e Vini, delícia de viagem e de relato!!! Sentimos até o gosto da comida!!!
Inveja das massagens, continuem mandando notícias! Bj aos dois
Oi liloca e Vini
Que bárbaro!
Aproveitem!
Quero saber tudo!
Lindo relato. Lindas fotos!
Beijocas
Tio Marco
Que lindo relato! Lindas fotos! Senti como se estivesse presenciando tudo. Aguardo p continuar a viagem com vcs.
Bjs